Acervo do Museu Filatélico Numismático Brasileiro. História Postal, Filatélica, Fiscal e Numismática Brasileira. Selos, cédulas e documentos que falam do nosso passado...
D. Manuel, o Rei Venturoso, nomeou o fidalgo Pedro Álvares Cabral, almirante da frota que partiu no dia 9 de março de 1500, do Tejo rumo ás Índias. Apesar de outros navegantes espanhóis como Alfonso de Ojeda e Vicente Yanes Pinson terem percorrido a foz do Amazonas, chamado de Mar Dolce, anos antes, coube a Cabral a notícia de um novo mundo. Eis a importância que existe na comunicação escrita. A notícia de um novo mundo foi perpetuada pela famosa carta de Pero Vaz de Caminha, escrivão da frota, que escreveu as boas novas em várias folhas de papel de excelente qualidade. O dia 22 de Abril é tido como o dia do Descobrimento do Brasil. A carta de Pero Vaz de Caminha é portanto, a primeira peça circulada entre o Brasil e Portugal.
No Brasil, a correspondência, muito antes do selo postal, já existia e circulava principalmente entre as grandes cidades que eram Rio de Janeiro, Salvador e Recife. E também entre essas cidades e Portugal. A essa ligação postal com Portugual chamamos de Correio Marítimo.
CORREIO-MOR E CORREIO DAS CARTAS DO MAR
O Correio-mor era um ofício postal criado pelo rei de Portugal D. Manuel I, em 6 de novembro de 1520, através de uma Carta Régia, a qual entregava a gestão desse serviço a Luís Homem. A criação desse tipo de serviço postal se deu pela necessidade da nobreza e da burguesia portuguesas de manterem intensos contatos com outros estados e mercadores devido à emergência de Portugual como primeira potência marítima do orbe terrestre. O ofício de correio-mor era público, o que dava a qualquer súdito a prerrogativa de utilizá-lo mediante um pagamento estipulado. O cargo esteve sujeito à nomeação do rei até 1606, quando Filipe II, vendeu-o a Luís Gomes da Mata Coronel, primeiro correio-mor das Cartas do Mar, pela quantia de 70.000 cruzados, dando início à primeira dinastia postal do mundo. A família Mata manteve esse monopólio por quase dois séculos, procurando modernizar os serviços. No entanto, somente os mais abastados tinham acesso a este serviço, que era caro e ineficiente. O correio-mor prestava o serviço por encomenda, não constituindo uma atividade regular, devido principalmente à má conservação das estradas e das condições climáticas, uma vez que as cartas e as encomendas eram entregues a pé ou a cavalo. Os destinatários de além-mar, principalmente do Brasil, a mais rica colônia, tinham de se conformar com a morosidade das rotas marítimas e sua fragilidade.
A nova conjuntura social portuguesa surgida no final do Séc. XVIII, levou a incorporação do serviço postal pela Coroa , estatatizando-o em 1797 por decreto da rainha D. Maria I, com o intuito de tornar tal ofício mais eficiente e público. Desta forma, terminou a atividade postal lucrativa do correio-mor.
Relação de Correios-Mores do Reino de Portugal
O serviço postal luso-brasileiro teve duas dinastias, a primeira era de nomeação régia (1520 a 1606) e a segunda era da família Mata (1606 a 1797).
Correios-Mores de nomeação régia
Luís Homem – 1º Correio-Mor do Reino de 1520 a 1532.
Luís Afonso – 2º Correio-Mor do Reino de 1532 a 1566.
Francisco Coelho – 3º Correio-Mor do Reino de 1565 a 1577.
Manuel de Gouveia – 4º Correio-Mor do Reino de 1579 a 1595.
Correios-Mores das Cartas do Mar
Luís Gomes da Mata Coronel – 5º Correio-Mor do Reino e 1º das Cartas do Mar de 1606 a 1607.
Antônio Gomes da Mata Coronel – 6º Correio-Mor do Reino e 2º das Cartas do Mar de 1607 a 1641.
Luís Gomes da Mata – 7º Correio-Mor do Reino e 3º das Cartas do Mar de 1641 a 1674.
Duarte de Sousa da Mata Coutinho – 8º Correio-Mor do Reino e 4º das Cartas do Mar de 1641 a 1696.
Luís Vitório de Sousa da Mata Coutinho – 9º Correio-Mor do Reino e 5º das Cartas do Mar de 1696 a 1755.
José Antônio da Mata Coutinho – 10º Correio-Mor do Reino e 6º das Cartas do Mar de 1755 a 1790.
Manuel José da Maternidade da Mata de Sousa Coutinho – Último Correio-Mor do Reino e das Cartas do Mar de 1790 a 1797 e 1º Conde de Penafiel.
A partir de 1º de Agosto de 1799 o Correio passou a ser oficialmente administrado pelo Estado, sendo José Diogo Mascarenhas Neto o 1º Superintendente Geral dos Correios e Postas do Reino durante o período de 1799 a 1805 dando término ao ofício dos correios-mores
Em nosso acervo temos, no Início do Século XIX, até 1840, várias cartas pré-filatélicas, cartas oficiais da Independência da Bahia, da Confederação do Equador, da Balaiada e o primeiro selo do mundo. O Penny.
PERÍODO PRÉ-FILATÉLICO
Pré-filatélico é o período situado antes do aparecimento do selo postal, isto é, antes de 1840 para o mundo, e para o Brasil, do descobrimento em 1500 até antes de 1843, ano de lançamento do primeiro selo postal brasileiro. O Brasil foi o primeiro país das Américas a emitir selos. A emissão brasileira constitui-se na primeira série de selos postais emitidos por um país. Os Olhos-de-boi são a segunda emissão de selo do mundo de circulação nacional e a terceira, se for levado em conta o selo emitido no Cantão de Zurique na Suíça, de circulação apenas regional.