Museu Filatélico Numismático Brasileiro

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Acervo do Museu Filatélico Numismático Brasileiro. História Postal, Filatélica, Fiscal e Numismática Brasileira. Selos, cédulas e documentos que falam do nosso passado...

1701 até 1800 - História

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O correio dentro do território nacional era escasso. As estradas mal existiam e em 20 de abril de 1730 a Coroa Portuguesa havia proibido o estabelecimento de linhas postais para o interior. Havia ocorrido a famosa revolta de Filipe dos Santos em Minas Gerais, uma forma de reduzir os conflitos e conspirações era dificultar a comunicação. Cabia aos viajantes, tropeiros a condução de cartas, bilhetes e mensagens. Do Século XVIII, temos em nosso acervo, três cartas com a Marca de Isenção de Porte Por El Rey (D. João V de Portugal), três cartas com a Marca de Isenção de Porte Pela Raynha (D. Maria I de Portugal), Missívas Oficiais e cartas circuladas no Brasil nos Períodos dos 9º, 10º e 11º(último) Correio-Mor do Reino e respectivamente 4º, 5º e 6º das Cartas do Mar.

 

DOM JOÃO V DE PORTUGAL

Dom João V de Portugal (Lisboa, 22 de outubro de 1689 — 31 de julho de 1750), foi Rei de Portugal desde 1 de janeiro de 1707 até à sua morte. Era filho de Pedro II e de Maria Sofia, condessa palatina de Neuburgo (1666 – 1699). Recebeu os cognomes de O Magnânimo ou O Rei-Sol Português, em virtude do luxo de que se revestiu o seu reinado; alguns historiadores recordam-no também como O Freirático, devido à sua conhecida apetência sexual por freiras (de algumas das quais chegou a gerar diversos filhos bastardos. Foi jurado príncipe herdeiro em 1 de dezembro de 1697 e tornou-se o 24º Rei de Portugal em 9 de dezembro de 1706. Morto seu irmão mais velho, do mesmo nome, em 30 de agosto de 1688, tinha apenas um mês de vida quando foi proclamado Príncipe Herdeiro em ato solene na presença da Corte, e por morte de seu pai, em Dezembro de 1706, subiu ao Trono, solenemente aclamado no dia 1 de janeiro de 1707. Em 1696 fora armado por seu pai Cavaleiro da Ordem de Cristo.

Quando iniciou o Reinado, estava-se em plena Guerra da Sucessão de Espanha, que para Portugal  significava o perigo da ligação da Espanha à grande potência continental, a Frnaça.   Portugal assinou um tratado com a França  em 11 de abril de 1713 e com a Espanha em 6 de fevereiro de 1715. Restituiu Puebla e Albuquerque à Espanha, viu reconhecida sua soberania sobre as terras amazónicas e a restituição da colónia do Sacramento. Aprendeu D.  João V com a guerra a não dar um apreço muito grande às questões europeias e à sinceridade dos acordos; daí em diante permaneceu fiel a seus interesses atlânticos, comerciais e políticos, reafirmando a aliança com a Inglaterra. Em relação ao Brasil, que foi sem dúvida a sua principal preocupação, não pode impedir D. João V o enorme afluxo de emigrantes, pois se havia descoberto ouro nas Minas. Ampliou os quadros administrativos, militares e técnicos, tudo com vistas a evitar o descaminho dos quintos, o imposto sobre o ouro, reformou os impostos e ampliou a cultura do açúcar. Apesar disso, Portugal entra numa fase de dificuldades económicas, devidas ao contrabando do ouro e às dificuldades do Império do Oriente. A este estado de coisas procurou o Rei responder com o fomento industrial, mas outros problemas surgiram, de carácter social: insubordinação de nobres, quebras de disciplina conventual, conflitos de trabalho, intensificação do ódio ao judeu. Por outro lado, o facto da máquina administrativa e política do absolutismo não estar de maneira nenhuma preparada para a complexidade crescente da vida da nação, só veio agravar as dificuldades.

As relações com a Espanha correram muito bem, graças sobretudo à atuação de D. Luís da Cunha, grande diplomata, embaixador em 1719 e 1720. Desde 1725 a diplomacia espanhola viu em D. José, príncipe do Brasil, herdeiro da coroa, o noivo ideal para a Infanta Maria Ana Vitória, filha de Filipe V.  A aliança foi transformada em consórcio duplo, oferecendo-se a Infanta portuguesa D. Maria Bárbara de Bragança como esposa de D. Fernando, Príncipe das Astúrias. Criaram-se portanto condições excepcionais para a unidade peninsular. A troca das Princesas ocorreu em Caia, em 19 de janeiro de 1729. Corriam também perfeitas as relações com a Inglaterra, pois era na força marítima dos ingleses que Portugal encontrava apoio contra a ambição continental franco-espanhola. Londres foi para a diplomacia portuguesa o ideal para rebater as pretensões francesas aos territórios do Amazonas e do Maranhão.

Culturalmente, o reinado de D. João V tem aspectos de interesse. O barroco manifesta-se na arquitectura, mobiliário, talha, azulejo e ourivesaria, com grande riqueza. No campo filosófico surge Luís António Verney com o Verdadeiro Método de Estudar e, no campo literário, Antônio José da Silva. Foi fundada a Real Academia Portuguesa de História e a ópera italiana é introduzida em Portugal.

Dom João V sempre teve saúde delicada, e em 10 de maio de 1742, teve um forte ataque que pela descrição parece ter sido um AVC.  Melhorou porém, voltou ao governo, mas já era um homem diminuído. Nessa altura, subiu ao poder Alexandre de Gusmão, nascido em Santos, no Brasil, em 1695, a grande figura revelada nos anos finais de seu governo, ligado ao último grande tratado internacional de D. João, o Tratado de Madrid, assinado em 13 de janeiro de 1750. Obteve para Portugal o reconhecimento europeu da realidade das fronteiras do Brasil, pois o uti possidetis e não Tordesilhas traçavam as linhas, a ação dos bandeirantes era mais forte do que as linhas do século XV. Restabeleceu-se o princípio do equilíbrio geográfico, ficando para Portugal a bacia fluvial do Amazonas e à Espanha a do Rio da Prata.

A cidade de São João Del-Rei, no Estado de Minas Gerais, tem este nome em homenagem a Dom João V. Quando da sua elevação à categoria de Vila, em 1713, o Rei estava no início do seu reinado. Outra cidade mineira que também tem seu nome ligado a Dom João V é a cidade de Mariana. Que é uma homenagem do Rei a D. Maria Ana de Áustria, sua esposa.

 

DONA MARIA I DE PORTUGAL

D. Maria I de Portugal (Lisboa, 17 de dezembro de 1734 — Rio de Janeiro, 20 de março de 1816) foi Rainha de Portugal de 24 de março de 1777 a 20 de março de 1816, sucedendo ao seu pai, o Rei José I. D. Maria foi, antes de assumir o trono, Princesa do Brasil, Princesa da Beira e Duquesa de Bragança. Jaz na Basílica de Estrela, em Lisboa, para onde foi transladada. Ficou conhecida pelos cognomes de A Piedosa ou a A Pia, devido à sua extrema devoção religiosa à Igreja Católica - demonstrada, por exemplo, quando mandou construir a Basílica da Estrela. No Brasil, é conhecida pelo cognome de Dona Maria, a Louca, devido à doença mental manifestada com veemência nos últimos 24 anos de vida.

Seu primeiro ato como rainha, iniciando um período que ficou conhecido como a Viradeira, foi a demissão e exílio da corte do Marquês de Pombal, a quem nunca perdoara a forma brutal como tratou a família Távora durante o Processo dos Távoras. Rainha amante da paz, dedicada a obras sociais, concedeu asilo a numerosos aristocratas franceses fugidos da Revolução Francesa (1789-1799). Era, no entanto, dada a melancolia e fervor religioso de natureza tão impressionável que quando ladrões entraram em uma igreja e espalharam hóstias pelo chão, decretou nove dias de luto, adiou os negócios públicos e acompanhou a pé, com uma vela, a procissão de penitência que percorreu Lisboa.

O seu reinado foi de grande atividade legislativa, comercial e diplomática, na qual se pode destacar o tratado de comércio que assinou com a Rússia em 1789. Desenvolveu a cultura e as ciências, com o envio de missões científicas a Angola, Brasil, Cabo Verde e Moçambique, e a fundação de várias instituições, entre elas a Academia Real de Ciências de Lisboa e a Real Biblioteca Pública da Corte. No âmbito da assistência, fundou a Casa Pia de Lisboa. Fundou ainda a Academia Real de Marinha para formação de oficiais da Armada.

A 5 de janeiro de 1785 promulgou um alvará impondo pesadas restrições à atividade industrial no Brasil. Durante seu reinado ocorreu o processo, condenação e execução do alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.

Mentalmente instável, desde 10 de fevereiro de 1792 foi obrigada a aceitar que o filho tomasse conta dos assuntos de Estado. Obcecada com as penas eternas que o pai estaria sofrendo no inferno, por ter permitido a Pombal perseguir os jesuítas, o via como "um monte de carvão calcinado". Para tratá-la veio de Londres o Dr. Willis, psiquiatra e médico real de Jorge III, enlouquecido em 1788, mas de nada adiantaram seus "remédios evacuantes". Em 1799, sua instabilidade mental se agravou com os lutos pelo seu marido D. Pedro III (1786) e seu filho, o príncipe herdeiro José, Duque de Bragança, Príncipe da Beira e Príncipe do Brasil, morto aos 26 anos (1788), a marcha da Revolução Francesa, e execução do Rei Luís XVI de França na guilhotina. D. João VI, seu filho herdeiro assumiu a regência.

A Família Real Portuguesa transfere-se para o Brasil, fruto do receio de ser deposta, à semelhança do que ocorrera nos países recentemente invadidos pelas tropas francesas. Napoleão acumula o título de rei de Itália, dando o título de rei de Nápoles ao seu irmão Joseph Bonaparte; nos Países Baixos a coroa é dada a seu irmão Luís Bonaparte (Luís I da Holanda). Em 1801, o primeiro-ministro de Espanha, Manuel Godoy apoiado por Napoleão invadiu Portugal por breves meses e, no subsequente Tratado de Badajoz, Olivença passou para a coroa de Espanha. Portugal continuou a fazer frente à França e, ao recusar-se a cumprir o bloqueio naval às Ilhas Britânicas, foi invadido pela coligação franco-espanhola liderada pelo Marechal Junot. A família real foge para o Brasil a 13 de novembro de 1807, deixando Portugal a mercê do invasor. Junot invade Lisboa sendo nomeado governador de Portugal. A 1 de agosto de 1808, o Duque de Wellington desembarcou em Portugal e iniciou-se a Guerra Peninsular. Entre 1809 e 1810, o exército luso-britânico lutou contra as forças invasoras de Napoleão, nomeadamente na batalha das Linhas de Torres. Quando Napoleão foi derrotado em 1815, Maria e a família real encontravam-se ainda no Brasil. Segundo consta, a rainha teve de embarcar à força. Muito religiosa, acreditava que estava indo para o próprio inferno. Dos membros da realeza, porém, foi a que se manteve mais calma, chegando a declarar: Não corram tanto, vão pensar que estamos a fugir. Foi proclamada Rainha do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves em 16 de dezembro de 1815.

O termo "maria-vai-com-as-outras" é muito popular na lusofonia, onde é usado para designar uma pessoa fraca, sem opinião própria, que se deixa levar pelos outros. Segundo o pesquisador Brasil Gerson, autor do livro Histórias das Ruas do Rio, o termo foi cunhado a partir da figura da rainha Maria I, que viveu seus últimos anos no Rio de Janeiro. Declarada mentalmente incapaz desde 1792, D. Maria vivia reclusa e só saía na companhia de suas damas, que costumavam levá-la para passear às margens do rio Carioca, no antigo bairro de Águas Férreas (atual Cosme Velho). Ao ver a monarca sendo conduzida pelas mãos por suas damas, as pessoas exclamavam: lá vai a Maria Vai-com-as-Outras.

 

VEJA O ACERVO RELACIONADO A ESTE PERÍODO DA HISTÓRIA NO TÍTULO 1701 ATÉ 1800 - ACERVO.

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